Em sua agenda pública no estado do Rio mais movimentada desde o início da corrida presidencial, o candidato do PSDB, José Serra, viveu, enfim, um dia de “Zé”, como diz a letra de seu jingle. Cercado de algumas centenas de moradores da cidade de São Gonçalo, a 25 quilômetros do Rio, município pobre da região metropolitana, o tucano levantou o ânimo da multidão ao prometer que, em 2011, o salário mínimo será de 600 reais. O valor atual é de 581,88 reais.
“A meu ver, há condições de colocarmos o salário mínimo mais alto. E ele será de 600 reais no ano que vem”, afirmou, aplaudido. “Isso será possível mediante uma melhor utilização do dinheiro público. Tem havido muito desperdício e muita gordura de gastos. Tem que haver esforço. O mínimo é referência para a população mais necessitada”, defendeu.
No tumulto da Rua da Feira, no bairro de Alcântara – uma espécie de mercadão popular, repleto de lojas de todo tipo de produto – José Serra vez valer o que, mais cedo, em sabatina no auditório do jornal ‘O Globo’, havia descrito como “uma energia muito forte” que sente para a campanha.
O candidato a vice, Indio da Costa, chegou a assumir o microfone em um momento para pedir que a multidão abrisse espaço para o companheiro de chapa. “Agradeço por terem vindo, mas abram espaço para o Serra falar com vocês. As pessoas estão amassadas, assim o Serra não consegue dar um abraço, um beijo em ninguém”, pediu Indio.
No mar de gente, surgiram brincadeiras: “Cuidado com a carteira, candidato”, gritou um gaiato, ao passar perto da comitiva. Em alguns momentos, eleitores, empolgados com as promessas do tucano, ensaiaram um ‘grito de torcida: “Serra, pode esperar, a sua hora vai chegar”.
Serra falou a língua do povo. Prometeu a criação de uma linha de metrô ligando o Rio a Itaboraí, com estações em Niterói e São Gonçalo; abraçou uma eleitora que pediu ajuda para conseguir emprego e disse que esta é uma prioridade de seu programa de governo e anunciou que, se eleito, criará em São Gonçalo uma policlínica com 25 especialidades médicas.
Ao falar de transporte, foi aplaudido. A população de São Gonçalo enfrenta, diariamente, percursos que, devido à inexistência de alternativas à ponte Rio-Niterói, podem durar mais de duas horas em cada sentido, nos horários de rush. O metrô, segundo o candidato, é viável por ser possível utilizar uma linha de trem atualmente desativada, que corta São Gonçalo. “Não precisaria desalojar ninguém nem construir túneis. Isso poderá ser feito em prazo breve”, afirmou.
A passagem por São Gonçalo teve também ataques à candidata Dilma e o PT. “Sinto falta de debater com a Dilma e não com o Lula. Ela está praticamente terceirizando a campanha”, acusou. “Com a Marina e com o Plínio, tenho conseguido debater, porque ela está à sombra de seu partido e do presidente Lula”, disse.
(Cecília Ritto, de São Gonçalo, RJ)
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